quinta-feira, 24 de maio de 2018

O REALISMO DE PEIRCE

O REALISMO DE CHARLES SANDERS PEIRCE

C. S. Peirce
Charles Sanders Peirce desenvolve uma Teoria da Realidade que ele denomina de Metafísica, ele parte da Fenomenologia das categorias de pensamentos para saltar depois para as categorias equivalentes no âmbito da Metafísica (a ciência que estuda a essência).


A descoberta de um conceito de Realidade é necessário para compreender-se de que Realidade se fala, quando queremos entender a função epistemológica do Documentário. Em Peirce encontramos uma Realidade composta por um âmbito denominado de Existência e um outro âmbito denominado de Generalidade Eidética (o mundo da idéias externas à mente humana, uma mente do universo). Disso se extrai que sua Metafísica é uma Teoria da Realidade.

No livro Kosmos Noetos: a Arquitetura Metafísica de C. S. Peirce (Ivo Assad Ibri), encontramos a origem do problema entre o Realismo e o Desconstrucionismo da Teoria Cinematográfica, nas discussões escolásticas que ficaram conhecidas como "querela dos universais". Um conceito é apenas um nome mental (conceptus mentis), ou ocorre em uma Realidade Eidética, um pensamento com realidade transcendente à matéria. Essa foi a discussão entre os Realistas e os Nominalistas, que se parece em grande medida com a polêmica entre Teóricos do Cinema de origem Realista e de origem Desconstrucionista.


Assim, finalmente podemos avançar para uma concepção de Realidade, utilizando as idéias de Peirce e visualizarmos um Universo que contém suas ocorrências icônicas, índiciais, e simbólicas, respectivamente associadas às três categorias Ontológicas: a primeiridade, segundidade e  terceiridade.


Abaixo você encontra o link para os slides que foram apresentados em aula com explicações uma pouco mais detalhadas a respeito desse exercício mental de se explicar a complexa Teoria da Realidade de Peirce, cuja posição filosófica pode ser classificada como um Idealismo Objetivo, ou talvez um Realismo Radical.


quarta-feira, 23 de maio de 2018

PEIRCE E SCHELLING: OS DOCUMENTOS DO ABSOLUTO

PEIRCE E SCHELLING - E OS DOCUMENTOS DO ABSOLUTO

A Teoria da Realidade de C. S. Peirce deve muito à filosofia idealista de Schelling, já que Peirce dizia-se "um Schellinguiano de certa estirpe".


Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling
Um aspecto da Realidade Ontológica, para Peirce é um Universo Pensante, o pensamento como substrato para o mundo, que ele denomina generalidade eidédica. Uma mente pensante que se equivale ao Cosmos, da mesma forma que Schelling afirmava, que "A Natureza seria a mente 
tornada visível, e a mente a invisível Natureza.(Schelling apud Ibri, 1994, pag 71). Já que se cita Schelling é pertinente pensarmos no Romantismo e Idealismo Alemão que considerou essa Mente Pensante na forma do Absoluto. Assim o Absoluto para os filósofos do idealismo alemão e os artístas do romantismo alemão tem significado claro, vejam:

"O Romantismo fixou assim o uso dessa palavra tanto como adjetivo quanto como substantivo. Segundo esse uso, a palavra significa "sem restrições", "sem limitações", "sem condições"; e como substantivo significa a Realidade que é desprovida de limites ou condições, a Realidade Suprema, o "Espírito" ou "Deus"(Dicionário de Filosofia - Nicola Abbagnano)


Acredito que fica muito claro a relação que se estabelece com a Mente Cósmica Pensante e o conceito de Absoluto, ou Deus. Por outro lado, além desse aspecto pensante do Cosmos, há também um aspecto existente, que para Peirce significa o âmbito da Realidade no qual as coisas reagem umas sobre as outras. Esse aspecto da Realidade Peirce entende que pode ser denominado de Existência. De um lado a generalidade eidética, o locus do pensamento; de outro a existência, locus da alteridade, da confrontação, do eu conscientizando-se da ocorrência do outro.



Assim o conceito de Realidade para Peirce contém algumas propriedades que devem ser consideradas: ela é Falível, isto é no sentido que mesmo as Leis Determinísticas podem sofrer
variações em sua performance, isto é o princípio criativo que gera as possibilidades, continua atuando nas regularidades de modo que mesmo o determinado pela Lei comporta-se dentro de uma certa regularidade probabilística. Ou seja, no campo eidético, o campo da generalidade, haveria um continuum entre o acaso total e a regularidade total. Portanto os eventos caóticos não regidos por nenhum condicionamento ou hábito, seriam seguidos por uma tendência de aquisição de hábito que amadureceriam os eventos. Encontramos na natureza diferentes formas de determinação do hábito: as leis determinísticas, as leis probabilísticas (ou estocásticas) e (uma descoberta matemática recente) o caos determinístico,  cujos eventos assim regidos não se regem por leis determinísticas e nem por probabilidades, mas uma forma matemática na qual um espaço matemático de estados, atrai os resultados dos eventos para um campo denominado de atrator estranho. Esse é o sentido do Falibilismo de Peirce.

Um Atrator Estranho denominado de Atrator de Lorenz.
A concepção de Peirce a respeito da Realidade supõe uma Realidade em evolução. Uma transformação contínua numa tendência de aquisição dos hábitos, de tornar-se regida por uma Lei. Mas Peirce imagina que mesmo esse tornar-se legaliforme, também é regido por princípios mesmos que regem o pensamento do Absoluto. Assim ele propõe três formas para a evolução: evolução pela ação do Acaso (primeiridade), evolução por ação de uma Necessidade (segundidade) e, finalmente a mais importante, uma evolução pelo Amor (expressão máxima da terceiridade, que ele denomina de Agapismo). Ora essa concepção encontra-se perfeitamente compatível com o Conceito da Evolução através do Design Inteligente. E como não deve ficar dúvidas a respeito De Quê estou falando, assim afirma Peirce: "com relação a Deus, abra seus olhos - e seu coração que também é um orgão dos sentidos - que você O verá." (C.S.Peirce apud Ibri, 1994, pag 80)




Outras informações podem ser obtidas no livro Documentário, Realidade e Semiose, os sistemas audiovisuais como fontes de conhecimento. E no livro de Ivo Assad Ibri, Kosmos Noetos, a Arquitetura Metafísica de  C. S. Peirce.

Ver as postagens anteriores deste blog.

Nos slides apresentados na aula há um resumo dessas ideias e a principal conclusão ao se referir às relações existentes entre  Documentário e Filmes de Ficção.



Se você quiser avançar seus conhecimentos no assunto você pode pode ler sobre o tema no livro que eu indiquei em uma postagem anterior aqui, no livro Documentário, Realidade e Semiose.





Em Documentário Realidade e Semiose os temas abaixo são desenvolvidos nas seguintes páginas:

1-Classificação das Ciências ; Faneron; Fenomenologia e as Categorias mentais; Metafísica ou Teoria da Realidade;  Generalidade e Alteridade; Existência e Realidade.  Livro (73-93); PDF revisado [59 – 72] ;

2-Acaso e lei; Indeterminação Ontológica e Erro de Observação; Probabilismo e Teoria do Caos; Falibilismo; Leis e Evolução do Universo; Hábitos de Conduta; Cosmomorfismo e Antropomorfismo; Idealismo Objetivo; Noêton; Mente, Pensamento e Matéria; Ficção e Documentário; Arte e Primeiridade; Documento do Absoluto; Sinequismo e Continuidade.  Livro (94-102); PDF Revisado [73 – 77]